segunda-feira, 4 de julho de 2011

O Bypass reduz o risco cardio-vascular

A obesidade é uma doença complexa que tem muitas implicações no desenvolvimento de outras doenças. Tudo junto, conduz a um aumento da mortalidade e perda de qualidade de vida como poucas outras doenças conseguem.
 
As técnicas cirúrgicas para tratar a obesidade são muito eficazes a obter redução de peso mas, além disso, cada vez é mais evidente que também influenciam positivamente as doenças associadas, como a diabetes, a dislipidemia e as doenças cardio-vasculares.
 
No sentido de objetivar este efeito benéfico, um grupo de investigadores brasileiros estudou o efeito da cirurgia da obesidade no risco cardio-vascular aos 10 anos, medido pelo score de Framingham. Este score permite estabelecer o risco de morte de um doente, baseado na idade, sexo, peso, IMC, pressão arterial diastólica, perfil lipídico, glicémia e história anterior de doença cardio-vascular. Este score está validado de uma forma muito sólida e é muito utilizado em diversos estudos.
 
Neste estudo, o Score de Framingham foi avaliado para um conjunto de 42 doentes antes e depois de realizarem um bypass gástrico.
 
A redução do risco cardiovascular aos 10 anos foi muito evidente nos doentes operados, sobretudo através da redução do peso e da resolução de co-morbilidades. Esta redução de risco foi especialmente acentuada nos doentes que apresentavam, à partida, co-morbilidades.
 
Os autores concluem que o bypass provoca uma perda de peso acentuada, sustentável, e com melhoria significativa das co-morbilidades.
 
O estudo foi publicado na Obesity Surgery.


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Colocação de banda gástrica em doentes com obesidade ligeira é um procedimento seguro

A cirurgia de obesidade, nomeadamente a colocação de banda gástrica, tornou-se um dos procedimentos standards no tratamento da obesidade com IMC superior a 35 Kg/m2.

No entanto, os doentes com obesidade Classe I (IMC entre 30 e 35 - obesidade ligeira) apresentam igualmente risco elevado de co-morbilidades associadas à obesidade. O papel do tratamento cirúrgico da obesidade nestes doentes ainda não está definido, mas poderá vir a tornar-se importante, uma vez que a generalidade dos tratamentos conservadores (não cirúrgicos) não se têm revelado úteis.

Recentemente, como noticiei neste blog, a FDA americana aprovou a utilização da banda gástrica neste segmento dos doentes obesos (IMC entre 30 e 35).

Para avaliar a segurança deste tratamento, investigadores americanos compararam o postoperatório de doentes com obesidade ligeira tratados com colocação de banda gástrica, com doentes com obesidade grave que realizaram o mesmo tratamento.

Verificaram que, com excepção do peso inicial (obviamente mais elevado nos doentes com obesidade grave), todos os outros parâmetros avaliados relativos à segurança, nomeadamente o tempo operatório, as perdas hemáticas, a duração do internamento e os internamentos em UCI foram semelhantes nos dois grupos. Não houve mortalidade ou necessidade de reoperação em nenhum dos grupos.

Os autores concluem que a colocação de banda gástrica num doente obeso ligeiro apresenta o mesmo perfil de segurança que a mesma cirurgia em doentes com obesidade grave.

O estudo foi publicado no número de Abril de 2011 do Obesity Surgery e pode ser encontrado aqui.




segunda-feira, 20 de junho de 2011

O Bypass resolve a diabetes mesmo nos doentes com IMC 30-35

O Brasil é um dos países do mundo com maior experiência em cirurgia de obesidade e metabólica. Vários autores brasileiros, onde destacamos Almino Ramos, juntaram-se para publicar, no Obesity Surgery de Março 2013, um estudo sobre Bypass em doentes diabéticos com obesidade ligeira (IMC entre 30 e 35.
 
Este estudo é retrospetivo e inclui 27 doentes com IMC entre 30 e 35 operados entre 2002 e 2008, por diabetes tipo 2 não controlada. O objetivo avaliado foi a resolução completa da diabetes confirmado pelo atingimento de Hb A1c <6%, glicémia < 100 mg/dl e ausência de medicação para a diabetes.
Um ano após o Bypass, os resultados foram de
- 23% redução no peso
- BMI estabilizado nos 25.6 Kg/m2
- 46% redução na glicémia
- 27% redução na Hb A1c
- Melhoria do controlo da daibetes em 100% dos doentes
- Resolução completa da diabetes em 48% dos doentes
Os autores concluem que o Bypass é uma opção segura e eficaz no tratamento da diabetes não controlada em doentes com obesidade classe I (IMC 30-35).
 
O estudo pode ser encontrado aqui.
 
 

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O Bypass tem resultados superiores ao sleeve

Foi publicado no número de Março 2011 do Obesity Surgery, um estudo prospectivo comparando os resultados da Gastrectomia Linear (Sleeve) e do Bypass, no tratamento da obesidade.
 
Foram estudados 94 doentes, sendo 47 doentes tratados com bypass e 47 tratados com sleeve. Os parâmetros avaliados foram a qualidade de vida (questionários Moorehead-Ardelt e SF-36), a perda de peso e a melhoria das comorbilidades.
 
Como resultados há a assinalar que o grupo de doentes tratados com bypass gástrico tiveram melhores scores de qualidade de vida do que os doentes de sleeve.
 
A resolução da diabetes foi de 90% nos doentes com bypass e 55% no sleeve. A resolução da hipertensão arterial foi de 73% no bypass contra 30% no sleeve. As queixas de refluxo gastro-esofágico resolveram em 92% do grupo de bypass mas apenas em 25% no sleeve. No caso do sleeve, 33% dos doentes operados que não apresentavam queixas de DRGE, desenvolveram estas queixas pela primeira vez após a cirurgia.
 
A satisfação com a cirurgia foi de 94% no bypass e de 90% no sleeve.
 
Os autores concluiram que os resultados do bypass apontam para uma melhor qualidade de vida do que os do sleeve. Além disso, os resultados em termos de controlo de patologias associadas como a diabetes, a hipertensão e a DRGE são também melhores no bypass do que no sleeve.
 
 
O estudo pode ser encontrado aqui.


segunda-feira, 6 de junho de 2011

A Cirurgia da Obesidade melhora o controlo da asma


Um estudo publicado na Obesity Surgery em Fevereiro de 2011, mostra o impacto favorável da cirurgia de obesidade nos sintomas da asma.
 
Neste estudo, foram analisados retrospetivamente 2.562 doentes com asma, operados por obesidade.
 
Um ano após a intervenção cirúrgica, a percentagem de doentes dependentes de corticóides inalados desceu de 49% para 29%. Os doentes com banda gástrica tiveram benefício menor do que aqueles que receberam uma intervenção diferente.
 
Os autores concluem que a cirurgia bariátrica melhora o controlo da asma, diminuindo a necessidade de terapêutica. A banda gástrica parece ser menos eficaz.

O artigo pode ser encontrado na Obesity Surgery


segunda-feira, 30 de maio de 2011

Eficácia e Segurança da Banda Gástrica acima da idade de 60 anos


Um estudo publicado por autores australianos em Janeiro de 2011 no Obesity Surgery mostra a eficácia e a segurança da gastroplastia com banda como tratamento de obesidade em doentes com mais de 60 anos.
 
Apesar do tratamento cirúrgico da obesidade no idoso ser controverso, os autores relatam a sua experiência com 118 doentes com mais de 60 anos, nos quais foi colocada banda gástrica por via laparoscópica.
 
A perda de excesso de peso foi de 44% aos cinco anos. A diabetes melhorou em 74% dos doentes, enquanto a hipertensão, a dislipidémia e os síndromes depressivos melhoraram 57%, 51% e 35% respetivamente.
 
Os indicadores de qualidade de vida (avaliados pelo SF-36) melhoraram 22 pontos atingindo valores semelhantes aos da população em geral.
 
Ocorreram complicações em 7% dos doentes com 15% de reoperações, mas sem mortalidade.
 
Os autores concluiram que a qualidade de vida melhorou substancialmente com a cirurgia e que a banda gástrica é a técnica ideal neste grupo etário, atendendo ao seu perfil de segurança e eficácia.
 
O artigo pode ser encontrado aqui.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A dieta como instrumento para redução de peso não parece ser eficaz

A utilização de uma dieta restritiva é uma das opções terapêuticas que está presente tradicionalmente na maioria  das recomendações sobre o tratamento da obesidade.

No entanto, não existe consenso sobre que tipo de dieta deve ser proposta a um doente. Não existe sequer concordância sobre o grau de eficácia das dietas como forma de tratamento.

Um dos estudos que analisou esta questão foi publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA. 2005;293(1):43-53), em 2005.


Este estudo comparou a eficácia de quatro tipos de dieta muito populares nos estados unidos: a dieta de Atkins, a dieta de Ornish, a Zone e a dieta dos Weight Watchers. Para isso analisaram o efeito de cada uma das dietas em grupos de voluntários que foram seguidos durante um ano.

A dieta de Atkins consiste numa dieta com restrição de hidratos de carbono; a dieta Zone recomenda uma ingestão restritiva de nutrientes mas de forma equilibrada, 40% hidratos de carbono, 30% gordura e 30% proteínas; a dieta dos Weight Watchers propõe uma alimentação controlada por um sistema de pontos que conduz a uma ingestão de 1200-1600 Kcal diárias; e finalmente a dieta Ornish é uma dieta vegetariana com menos de 10% de gordura.

Este voluntários tinham, no início do estudo, um peso médio de 100 Kg, com um IMC médio de 35 (entre 27 e 42). Para obter um peso normal, estes voluntários que tinham em geral uma obesidade ligeira ou moderada, deveriam atingir um peso médio de 71 Kg, ou seja, perder 29 Kg em média.



Os resultados, após dois meses do início da dieta, mostraram uma perda de peso média de 3.6 Kg, sendo o efeito muito semelhante entre os vários tipos de dieta (Atkins -3.6 Kg / Zone -3.8 Kg / Weight Watchers -3.5 Kg / Ornish -3.6 Kg).

No entanto, o dado mais assinalável é que o peso parou de diminuir em todos os tipos de dieta a partir dessa data. Um ano após o início do estudo, os doentes tinham em média um ganho de 0.3 Kg em relação ao peso medido aos dois meses (Atkins +1.5 Kg / Zone +0.6 Kg / Weight Watchers +0.5 Kg / Ornish +0.3 Kg).

Mesmo em termos individuais, os resultados foram pouco expressivos. Apenas 25% dos doentes conseguiram uma redução de peso correspondente a pelo menos 5% do peso corporal, o que, mesmo assim, ainda ficou muito longe da redução de 29% do peso corporal necessária para atingir um peso normal.

As diferenças entre os vários tipos de dieta não foram relevantes e todas obtiveram resultados semelhantes.


Este estudo é importante uma vez que coloca claramente em causa a eficácia das dietas restritivas como forma de tratamento para a obesidade de classe I e classe II (obesidade ligeira a moderada). Além disso mostra que os vários tipos de dieta têm efeito praticamente igual, não se concretizando as promessas "milagrosas" tantas vezes invocadas.

Este estudo pode ser encontrado no JAMA

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Public Citizen solicita remoção do mercado do Orlistat

O Public Citizen é uma organização de consumidores americana.

Esta organização emitiu uma petição à FDA americana, solicitando a remoção do mercado do orlistat (Xenical ou Alli). Este medicamento é o único actualmente aprovado nos EUA para o tratamento médico da obesidade.

O orlistat funciona bloqueando a acção dos enzimas que digerem a gordura ingerida no interior do intestino. Desta forma a gordura não é convertida em ácidos gordos e, como tal, é menos absorvida e é excretada de forma não digerida nas fezes. Os efeitos acessórios principais que os doentes sofrem são diarreia com fezes gordurosas e flatulência, podendo resultar mesmo em incontinência. 

Além destes problemas, segundo esta organização, "o orlistat expõe os doentes que o ingerem a riscos graves que ultrapassam largamente os seus eventuais benefícios.

Os riscos mais sérios incluem: doença hepática grave que pode conduzir a insuficiência hepática e necessidade de transplante hepático, pancreatite aguda que pode ser mortal, e insuficiência renal causada por litíase renal."

Ainda segundo esta organização "o orlistat é um fármaco utilizado no tratamento do excesso de peso e da obesidade. Infelizmente o seu benefício clínico é muito reduzido e tem potencial para lesar o rim, o fígado e o pâncreas. "

Mesmos nos estudos que apoiaram a sua comercialização, o efeito deste fármaco era apenas de -2.4 Kg ao fim de um ano, resultado manifestamente insuficiente para justificar o seu custo e eventual toxicidade.

Acompanhando esta baixa eficácia deste fármaco, a prescrição deste fármaco reduziu-se drasticamente nos EUA de 2.6 milhões de vezes em 2000 para apenas 110.000 prescriçoes em 2010.

Aguarda-se agora a decisão da FDA, mas é possível que, atendendo ao progressivo abandono deste medicamento por parte dos médicos, a FDA permita ao mercado resolver este problema de uma forma espontânea.

Ligação para a petição: Petição do PublicCitizen
Ligação para o site do Public Citizen

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A cirurgia bariátrica melhora a memória

A evidência científica mostra que a obesidade compromete as funções neuro-cognitivas, tais como a memória. Estes dados não são surpreendentes uma vez que as doenças crónicas associadas à obesidade, como a diabetes e a hipertensão, também estão relacionadas com disfunção cognitiva.

A questão mais relevante é saber se esse compromisso da memória é resolúvel com a cirurgia bariátrica.

Dali - The Persistence of Memory


Para estudar este assunto, investigadores de vários centros norte-americanos analisaram a evolução das capacidades de memória de um grupo de doentes sujeitos a cirurgia bariátrica. Esta avaliação foi realizada antes da cirurgia e 12 semanas após a intervenção cirúrgica. Além disso, compararam os resultados com um grupo de doentes obesos não operados.

Antes da cirurgia, os doentes obesos tinham um desempenho nestes testes cognitivos, que avaliaram a capacidade de memória, inferiores ao da população não obesa.

12 semanas após a cirurgia, os doentes obesos operados obtiveram uma melhoria no seu desempenho, ao contrário dos doentes obesos não operados, que tiveram resultados nos testes que revelaram degradação das capacidades cognitivas.

Como resultado deste estudo, os autores concluem que o compromisso cognitivo (avaliado pela capacidade de memória) é um problema frequente nos doentes obesos, mas que é reversível com o tratamento da obesidade.

Este estudo pode ser consultado na revista Surgery of Obesity and Related Diseases

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Campanha inglesa anti-obesidade

O governo inglês lançou uma campanha anti-obesidade que designou Change4Life.







Integrada nesta campanha, a Pepsi Co lançou a sua própria iniciativa que baptizou Play4Life.

 A esta campanha a Pepsi Co associou os nomes de Thierry Henry, jogador do Barcelona e da selecção francesa, e  Frank Lampard, jogador do Chelsea e da selecção inglesa.










Ambos afirmam "Ajude os seus filhos a manter-se aptos fisicamente. Assegure que praticam actividade física 60 minutos por dia."








segunda-feira, 18 de abril de 2011

A obesidade no início da gravidez aumenta o risco de morte neo-natal

O impacto negativo que a obesidade nas fases iniciais da gravidez tem na saúde do recém-nascido já é conhecido. No entanto, nem todos estes efeito prejudiciais são inteiramente claros.

No sentido de esclarecer melhor as consequências da obesidade nesta fase da gravidez, foi realizado um estudo, na região Norte de Inglaterra, que pretendeu relacionar obesidade (IMC >30) com risco de morte fetal e neo-natal, excluindo as malformações congénitas e os efeitos da gravidez gestacional, que são problemas já bem conhecidos.

As gravidezes seguidas em cinco hospitais ingleses, no període de 2003-2005 foram analisadas de um ponto de vista estatístico. Foram contabilizadas as mortes fetais (>20 semanas de gestação) e as mortes dos recém-nascidos durante o primeiro ano de vida, e analisadas de acordo com o IMC da mãe (<18.5, 18.5-25, 25-30, >30).

Os resultados mostraram que as mulheres obesas tiveram um risco de morte fetal ou no primeiro ano aproximadamente o dobro das mulheres obesas (2.3 e 1.9 de risco relativo respectivamente).

A análise estatística contínua revelou uma relação de formato em V, com o risco mais baixo no IMC 23 e aumento contínuo do risco para valores aumentados do IMC.

As razões para este aumento de mortalidade fetal e dos recém-nascidos até ao primeiro ano de vida encontrado nas mulheres obesas, não foram estabelecidas.

O estudo conclui que a obesidade no início da gravidez está associado de uma forma significativa com a morte fetal e a morte do recém-nascido no primeiro ano de vida. Esta associação é independente das já conhecidas implicações da obesidade no aparecimento de malformações congénitas e na diabetes gestacional.

Pode encontrar este trabalho na Revista Human Reproduction

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Estratégias para perder peso sem cirurgia

O Registo Nacional de Controlo de Peso americano -  National Weight Control Registry (NWCR) - foi fundado em 1994 por Rena Wing, Ph.D.,  director da Weight Control and Diabetes Research Center da Warren Alpert Medical School of Brown University e por James O. Hill, Ph.D., director do Center for Human Nutrition da University of Colorado.

O objectivo foi responder a duas importantes questões sobre controlo de peso: 1)Existem pessoas que conseguem manter uma perda de peso substancial? 2) Quais são as características e estratégias que ajudaram estes indivíduos a atingir este objectivo?

Para participar neste registo, os voluntários têm de ter conseguido perder um minimo de 14 Kg e manter essa perda durante 1 ano.

A experiência deste registo permite sugerir sete componentes que, no seu conjunto, são eficazes para perder peso e manter essa perda.

1. Ser activo. A maior parte dos participantes gasta mais de 2000Kcal/semana. Isto equivale a 200 minutos de actividade física moderada a intensa por semana. Aproximadamente uma maratona por semana.

2. Desligar a televisão. 63 % dos participantes dispendem menos de 10 horas semanais a ver televisão.

3. Praticar uma dieta com restrição de calorias e de gorduras. A média de ingestão de calorias das pessoas registadas no NWCR é de 1,380 calorias por dia, e menos de 30% dessas calorias são gordura.

4. Manter a dieta consistente. Resistir à vontade de abusar nos feriados, fins-de-semana e férias. É preciso manter uma dieta regular.


5. Não fugir ao pequeno-almoço. A maior parte dos membros do NWCR comem pequeno-almoço. Isto ajuda a controlar a fome e evitar comer demais ao longo do dia.

6. Mostrar capacidade de sacrifício. Os membros exercem um grande controlo sobre os seus hábitos de alimentação, e raramente comem demais.

7. Manter registo do progresso. Pesar pelo menos uma vez por dia e registar o que se come diariamente é essencial.


Segundo o co-fundador, Dr Hill, "Manter a perda de peso depende de manter ao longo dos anos um estilo de vida saudável de acordo com o praticado pelos membros do NWCR".

 Trabalho original: THE NATIONAL WEIGHT CONTROL REGISTRY: A Study of "Successful Losers"

terça-feira, 12 de abril de 2011

A diabetes aumenta o risco de cancro

Um estudo do National Institutes of Health americano ( NIH-AARP Diet and Health Study), apresentado em Orlando - Florida em Abril, no AACR 102nd Annual Meeting 2011, revelou que a diabetes está associada a um aumento do risco de aparecimento de vários tipos de cancro.

Os autores desenvolveram um estudo prospectivo que envolveu 500.000 pessoas, entre os 50 e os 71 anos de idade. Estas pessoas foram seguidas durante 11 anos para avaliar o efeito que a dieta, estilo de vida, actividade física e presença ou não de diabetes, tiveram no aparecimento de cancro.

Verificaram que a mortalidade foi 11% superior nas mulheres diabéticas do que nas mulheres sem diabetes. Nos homens o aumento de mortalidade causado pela diabetes foi ainda maior: 17%.

Em relação ao tipo de tumor, a diabetes esteve associada a um aumento dos tumores do colon, recto e fígado em homens e mulheres. No caso dos homens também o risco de cancro do pâncreas e da bexiga estiveram aumentados. Nas mulheres o efeito da diabetes foi sentido ainda nos tumores do estomâgo, ânus e endométrio.

domingo, 10 de abril de 2011

Três refeições diárias ricas em proteínas parece ser a melhor forma de ter menos fome

A sensação de fome conduz à ingestão de maior quantidade de alimentos. Neste sentido, mecanismos para diminuir essa sensação de fome poderão ser úteis para ajudar a controlar o peso e até para ajudar a diminui-lo.

A prática de um maior ou menor número de refeições diárias tem sido estudada para entender o seu efeito na sensação de fome e nas calorias ingeridas.

O conceito tradicional tem sido de que uma mesma quantidade de calorias diárias divididas por um número maior de refeições (ou seja, refeições mais pequenas e em maior número) ajuda a controlar a fome e, como consequência disso, pode ajudar a controlar o peso.

Este conceito derivou da verificação de que os doentes obesos em geral referem fazer menos refeições diárias do que os não obesos. Este conceito, no entanto, tem sido posto em causa, uma vez que os obesos, quando interrogados sobre os seus hábitos alimentares, geralmente têm uma tendência a subestimar a quantidade de alimentos que na realidade ingerem e, além disso, têm uma tendência a ignorar as pequenas refeições intercalares que praticam.

Para estudar esta problemática, um grupo de investigadores estudou o efeito do teor em proteínas e do numero de refeições no apetite e saciedade durante uma dieta restritiva.

Para isso utilizaram um grupo de homens no decurso de uma dieta restritiva, e compararam os que utilizaram uma dieta rica em proteínas (25%) com os que ingeriram uma dieta com quantidade normal de proteínas (14%). Compararam ainda os que dividiam a comida diária em 6 refeições com aqueles que a dividiam apenas por 3 refeições.

Analisaram a fome, o desejo de comer, a preocupação com pensamentos sobre comida, a saciedade durante o dia e o desejo de comer durante a noite.

Os resultados mostraram que os individuos que praticavam uma dieta rica em proteínas sentiam-se mais saciados durante o dia e menos desejo nocturno de comer. Também tinham menos pensamentos sobre comida. Os outros aspectos estudados foram iguais nos dois grupos.

Comparando o que sentiram os individuos que realizaram 3 refeições diárias com aqueles que realizaram 6 refeiçoes, praticamente não houve diferenças. A única diferença foi que nos doentes que ingeriram maior quantidade de proteínas, foram os que utilizaram apenas 3 refeições diárias os que sentiram menos fome durante a noite.

Este estudo, publicado na revista Obesity em Abril de 2011, põe em causa os princípios que faziam recomendar a divisão da comida a ingerir num determinado dia, por um número maior de refeições. A confirmar-se estes resultados, parece ser o teor proteico e não o número de refeições que ajuda a obter uma sensação de saciedade.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Orientações para cirurgia de obesidade na Alemanha

A Sociedade Alemã de Cirurgia emitiu as suas linhas de orientação sobre cirurgia de obesidade.

A obesidade na Alemanha tem vindo a aumentar constantemente. A obesidade está associada a numerosas outras doenças como a resistência à insulina, a diabetes tipo 2, dislipidémia, hipertensão, litíase biliar, certas formas de cancro, refluxo gastro-esofágico, esteatose hepática, doenças articulares, apneia do sono e outras. A diminuição de esperança de vida causada pela obesidade grave pode atingir os 20 anos de vida a menos.

A eficácia da cirurgia de obesidade tem sido confirmada em inúmeros trabalhos, pelo que a selecção dos doentes a operar é cada vez mais importante.

Estas recomendações alargam as indicações para cirurgia, eliminam restrições relativas à idade e a maior parte das contra-indicações.

Segundo este documento:
- A cirurgia bariátrica está indicada em doentes com IMC > 40, após uma tentativa de tratamento conservador ineficaz ou quando essa tentativa parece inútil.
- Doentes com IMC entre 35 e 40, com uma doença associada à obesidade, também são candidatos a cirurgia após uma tentativa de tratamento conservador ineficaz ou quando essa tentativa parece inútil.
- A cirurgia também pode ser considerada em doentes com diabetes tipo 2 e um IMC entre 30 e 35.
- A idade mais avançada (>65 anos) não constitui contra-indicação para cirurgia, se o estado geral de saúde for aceitável.
- A idade fértil não é uma contra-indicação para a obesidade.
- Em adolescentes, após tentativas repetidas de modalidades terapêuticas conservadoras sem resultado, pode ser equacionada a opção cirúrgica.
- Algumas doenças e condições socio-psicológicas eram consideradas contra-indicação no passado. No entanto, se essas condições podem ser estabilizadas, os doentes podem ter indicação cirúrgica para tratar a sua obesidade.

Segundo este documento, o alargamento das indicações para cirurgia de obesidade além das que já são tradicionais, reesulta dos resultados postoperatórios impressionantes que a cirurgia obtém.

Neste sentido, estas recomendações passam a admitir tratamento cirúrgico abaixo dum IMC de 35 nos doentes diabéticos, eliminam os limites de idade, e consideram mesmo que as tentativas de tratamento não círúrgico são dispensáveis se for entendido que são fúteis para um doente específico.

O documento completo pode ser encontrado no International Journal of Colorectal Disease 

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A banda gástrica também resolve a diabetes em doentes com obesidade ligeira e moderada

Um estudo importante para a compreensão do efeito da cirurgia bariátrica na diabetes foi puiblicado em 2008, no Journal of the American Medical Association (JAMA).

O ponto de partida deste trabalho foi o conhecimento de que a cirurgia bariátrica induz perda de peso, o que pode contribuir para o controlo da diabetes. Este efeito é já bem conhecido em doentes com obesidade grave (IMC > 40).

O objectivo dos investigadores foi determinar se, em doentes com menor grau de obesidade, a cirurgia também é melhor do que as terapêuticas convencionais.

Neste estudo foram incluídos doentes com obesidade ligeira e moderada (IMC entre 30 e 40) e com diabetes de tipo 2. Metade dos doentes foram operados (colocação de banda gástrica) enquanto a outra metade receberam tratamento médico standard para a diabetes, com um foco especial em alterações do estilo de vida que conduzem a perda de peso.

A investigação foi realizada na Austrália, um dos países com maior experiência em banda gástrica, no University Obesity Research Center, em 2006, e envolveu 60 doentes. Os resultados foram avaliados ao fim de dois anos.

Os resultados mostraram que, nos doentes operados a diabetes foi resolvida em 73% dos casos ao fim dos dois anos, enquanto que apenas 13% dos doentes não operados deixaram de ser diabéticos. Os doentes que colocaram banda gástrica tiveram uma perda de peso média de 20.7%, enquanto os não operados apenas reduziram 1.7% do peso.

Não existiram complicações sérias em nenhum dos grupos.

Os autores concluiram que os doentes que receberam terapêutica cirúrgica conseguiram uma perda de peso muito superior e muito maior resolução da diabetes, do que os doentes não operados e que receberam apenas tratamento médico convencional.

Estes dados suportam o conceito de que os doentes com diabetes tipo 2 com obesidade ligeira e moderada (IMC entre 30 e 40), também beneficiam largamente da cirurgia de obesidade, e a banda gástrica é uma das opções cirúrgicas eficazes.

O estudo foi publicado na JAMA

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Federação Internacional para a Diabetes apoia a cirurgia metabólica

Segundo o documento que estabelece a posição da International Diabetes Federation (IDF) sobre a terapêutica da Diabetes Tipo 2, apresentado em Nova Iorque em 28 de Março de 2011, a cirurgia bariátrica deve ser considerada no tratamento da diabetes, em fases iniciais da doença, para evitar as graves complicações que podem resultar desta doença.

A combinação de obesidade e diabetes apresenta-se como a maior epidemia da história da humanidade. A diabetes de tipo 2 é uma das doenças com maior crescimento actualmente, afectando cerca de 300 milhões de pessoas no mundo, estimando-se que afectará 450 milhões pelo ano 2030.

De acordo com esta organização, existe cada vez mais evidência que as pessoas obesas com diabetes de tipo 2, podem beneficiar substancialmente da cirurgia bariátrica.

Neste documento da IDF são apresentadas como conclusões principais:

- A obesidade e a diabetes tipo 2 são doenças crónicas associadas a uma disfunção metabólica que aumenta o risco de mobilidade e de mortalidade

- O aumento dramático da prevalência da obesidade e da diabetes tornou-se um problema importante de saúde pública e necessita de atenção do governo, sistemas de saúde e da comunidade médica.

- Além das abordagens sobre o estilo de vida e terapêuticas médicas, vários tipos de cirurgia do aparelho gastrointestinal, originalmente desenvolvidas para tratar a obesidade (cirurgia bariátrica), constituem opções eficazes para melhorar a diabetes em doentes obesos. Estas intervenções cirúrgicas muitas vezes normalizam os níveis de glicémia, reduzindo ou eliminando a necessidade de medicações e fornecendo uma abordagem com bom custo-eficácia para tratar a diabetes.

- A cirurgia bariátrica é um tratamento apropriado para doentes com obesidade e diabetes tipo 2, que não atingiram um controlo da doença, especialmente quando existem outras doenças associadas.

- A cirurgia deve ser um tratamento a utilizar em doentes com diabetes e IMC superior a 35.

- Em doentes com IMC entre 30 e 35, a cirurgia também deve ser considerada uma alternativa, quando a diabetes não é adequadamente controlada por regimes médicos especialmente quando em presença de outros factores de risco cardio-vasculares.

- Os preconceitos sociais contra a obesidade, existentes também no sistema de saúde, não devem funcionar como barreira ao fornecimento de terapêuticas eficazes.

- A evidência existente mostra que a cirurgia bariátrica tem uma boa relação custo-eficácia.

- A morbilidade e mortalidade associadas à cirurgia bariátrica são baixas, semelhantes à mortalidade e mortalidade de procedimentos bem aceites como, por exemplo, a cirurgia por litíase vesicular.

- A cirurgia bariátrica em doentes com obesidade grave e diabetes de tipo 2, oferece um conjunto de benefícios de saúde, incluindo uma redução na mortalidade.

O documento original pode ser consultado no site da IDF.

sábado, 2 de abril de 2011

A atitude negativa contra a imagem "obesa" tem tendência global

O estigma e o preconceito contra as pessoas com excesso de peso estão a tornar-se uma norma cultural em todo o mundo, mesmo em áreas onde uma imagem corporal mais volumosa era considerada positiva, de acordo com um estudo que vai ser publicado no número de Abril de 2011 da revista "Current Anthropology".

Um grupo de investigadores da Universidade Estadual do Arizona entrevistaram pessoas em vários lugares distintos por todo o mundo: EUA, Reino Unido, Mexico, Argentina, Paraguai, Porto Rico, Tanzania, Samoa.

Encontraram preconceitos e atitudes negativas contra as pessoas com excesso de peso em todos os locais analisados.

Estes resultados sugerem uma rápida "globalização" do estigma do "excesso de peso", no qual as pessoas obesas são vistas erradamente como preguiçosas, não desejáveis e com falta de auto-controlo.

Nos EUA e no mundo ocidental em geral, os corpos "magros" têm sido convertidos em objectos ideais e os corpos "gordos" estigmatizados há várias décadas. Mas isto não se passava assim no resto do mundo. Muitos estudos etnográficos mostraram que muitas sociedades humanas preferiam corpos mais volumosos, os quais representam sucesso, generosidade, fertilidade, riqueza e beleza.

Mas esta visão está a ser rapidamente substituída por uma visão ocidental que olha a obesidade como um fracasso pessoal. Curiosamente, os índices de maior intolerância contra os obesos foram encontrados não nos EUA ou Reino Unido, mas antes no Mexico, Paraguai e Samoa. E esta mudança de atitude foi muito rápida nesses países.

Estes dados mostram outra dimensão da epidemia global de obesidade. Devemos estar preocupados não apenas com o prejuízo directo que a obesidade tem para a saúde, mas também com o profundo sofrimento emocional que deriva dos preconceitos contra as pessoas obesas.

Referência: Alexandra Brewis, Amber Wutich, Ashlan Falletta-Cowden, and Isa Rodriguez-Soto. Body Norms and Fat Stigma in Global Perspective. Current Anthropology, 2011; 52: 2

quinta-feira, 31 de março de 2011

Mais uma dieta perigosa

Foi publicado mais um livro que propõe uma dieta milagrosa: A dieta Dukan.
Esta dieta foi inventada por um francês - Pierre Dukan -  e tornou-se conhecida através do livro que publicou: "Je ne sais pas maigrir"


              

terça-feira, 29 de março de 2011

Informação sobre banda gástrica ajustável

Segundo a informação constante na página do Centro de Cirurgia de Obesidade e Metabólica da Universidade de Columbia:

"A colocação de uma banda gástrica ajustável é realizada geralmente por laparoscopia. Esta opção terapêutica para a obesidade é uma das menos invasivas porque nem o estômago nem o intestino são seccionados.

A quantidade de peso que se pode perder com a banda gástrica depende da motivação do doente e do seu compromisso com um novo estilo de vida e novos hábitos alimentares.

A banda gástrica ajustável pode ajudar a conseguir uma perda de peso duradoura pelos mecanismos seguintes:
- limitando a quantidade de comida ingerida
- reduzindo o apetite
- atrasando a digestão

A banda gástrica é colocada em redor da porção inicial do estomago, dividindo o estomago em duas partes, uma parte pequena acima da banda e outra parte maior abaixo da banda. Esta pequena bolsa acima da banda limita a quantidade de comida que o doente pode ingerir de cada vez, do que resulta uma sensação de "estar cheio" com apenas uma pequena quantidade de comida.

Ao ajustar a largura da comunicação entre as duas partes do estômago, controla-se a quantidade de comida que passa da parte superior para a parte inferior. Esta comunicação entre as duas partes pode ser facilmente alargada ou apertada ao injectar ou retirar soro do interior da banda. A banda é oca e está ligada por um tubo a um reservatório que foi colocado debaixo da pele durante a cirurgia. O cirurgião ou o enfermeiro podem controlar a quantidade de soro dentro da banda, picando o reservatório com uma agulha.

A capacidade de ajustar a banda é uma característica única deste tipo de tratamento e é uma parte normal do seguimento após a cirurgia.

Como a banda pode ser removida, ajustada e não altera de forma permanente a anatomia, pode ser uma opção para doentes que de outro modo podem não desejar um tratamento cirúrgico. Outras vantagens desta técnica são o curto período de internamento e o facto de não alterar a absorção de nutrientes.

Com esta técnica a perda de peso esperada é de 40-60% do peso em excesso, a ser conseguida no prazo de dois anos."

Ligação para a informação original: Columbia University Center for Metabolic and Weight Loss Surgery

domingo, 27 de março de 2011

Um tratamento não cirúrgico para a obesidade - TOGA - desaparece

A obesidade é uma doença que causa grave prejuízo para a saúde. O seu aumento em todo o mundo levou a Organização Mundial de Saúde a considerar esta doença como a doença do século XXI.

Actualmente, apenas a cirurgia apresenta uma eficácia comprovada cientificamente.



Outras formas de tratamento têm sido tentadas: alterações do estilo de vida, medicações e  tratamentos endoscópicos, mas sem resultados satisfatórios.

Um dos tratamentos que levantou grandes esperanças foi o TOGA (transoral gastric gastroplasty). Este tratamento é realizado por via endoscópica, transoral, sob anestesia geral, e consiste na introdução de um dispositivo médico no estomago através do qual o estomago é pregueado internamente pela colocação de agrafes.







Com este preguear, é criado um tubo gástrico que dificulta a passagem da comida e o doente passa a tolerar menos quantidade de alimentos. A ideia deste tratamento é simular uma operação restritiva (como a banda ou o sleeve), mas sem necessidade de incisões cirúrgicas. Foi promovido pela Clínica de Cleveland exactamente dessa forma: cirurgia sem incisões.

 














Até agora apenas foi utilizada no âmbito de ensaios científicos, não estando disponível à população em geral, por falta de aprovação da FDA (Food and Drugs Administration), enquanto não eram conhecidos os seus resultados reais.

Infelizmente, os resultados desses estudos mostraram que a perda de peso era insuficiente para justificar a sua realização. Em consequência desses resultados, a empresa que o promoveu foi desactivada, pelo que este tipo de tratamento parece ter sido abandonado.

Notícia encontrada no New York Times mas que não consegui confirmar em nenhuma fonte científica.

sexta-feira, 25 de março de 2011

NIH - Plano estratégico para a investigação sobre diabetes

O National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (NIDDK) americano, acaba de publicar o seu plano estratégico para a investigação sobre diabetes (Diabetes Research Strategic Plan).

Segundo o seu director, Griffin P. Rodgers, "através do estabelecimento de prioridades e da identificação das mais promissoras oportunidades de investigação científica, este plano estratégico vai orientar o NIH, as outras agências federais americanas e a comunidade científica em geral, nos seus esforços para melhorar os tratamentos da diabetes e identificar formas de manter as pessoas saudáveis".

No capítulo dedicado aos novos caminhos terapêuticos, são apresentadas cinco direcções:
- Foram identificados no genoma humano muitos genes que aumentam a susceptibilidade para diabetes de tipo 1 e 2
- Novos testes genéticos permitem identificar recém-nascidos com diabetes neonatal - uma forma rara de diabetes - que pode ser tratada com fármacos orais em vez de insulina injectável
- Novos tratamentos para a diabetes tipo 2 estão disponíveis, alicerçados em descobertas sobre a forma como as hormonas gastrointestinais influenciam a secreção de insulina
- O bypass gástrico e outras intervenções cirúrgicas bariátricas destinadas a tratar a obesidade grave, podem resolver a diabetes independentemente da perda de peso, abrindo as portas a novas descobertas e a opções terapêuticas para algumas pessoas
- A detecção de gordura castanha em adultos pode vir a ser útil em termos terapêuticos na prevenção e no tratamento da obesidade

Neste documento a cirurgia de obesidade surge como um novo caminho terapêutico .

Segundo o NIDDK, "a cirurgia bariátrica é o tratamento mais eficaz para a obesidade grave. O bypass gástrico, uma operação muito frequente neste campo, causa uma marcada perda de peso. Esta perda de peso, ao contrário das outras formas de tratamento não cirúrgico, parece não activar respostas compensatórias que levem a reganhar o peso perdido, permitindo a cirurgia que essa perda de peso seja mantida ao  longo do tempo. Esta intervenção cirúrgica pode ainda conduzir a uma completa normalização da glicose no sangue através de mecanismos que parecem ser, pelo menos parcialmente, independentes da perda de peso.

Os mecanismos que potencialmente causam este efeito, poderão ser o aumento da secreção de hormonas gastrointestinais, alterações neuroendócrinas induzidas pela exclusão de nutrientes no intestino inicial, diminuição da secreção da ghrelina, alteração da sensibilidade intestinal aos nutrientes ou outros mecanismos ainda não identificados.

Na realidade, apesar de idealizado inicialmente para tratar a obesidade, verificou-se que o bypass gástrico e outras intervenções cirúrgicas asseguram uma melhoria do metabolismo da glicose muito mais marcada, do que o que seria de esperar pela redução de peso conseguida. A diabetes fica resolvida em alguns doentes, mesmo antes de se atingir uma perda de peso significativa."

O "National Institutes of Health (NIH)" é a agência norte americana para a investigação médica. Inclui 27 Institutos e Centros e é um componente do Departamento Americano da Saúde - equivalente ao Ministério da Saúde em Portugal.

O NIH é a principal agência governamental americana para organizar e apoiar a investigação científica médica.

Um dos seus institutos é o  National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (NIDDK), que se dedica à investigação sobre diabetes e outras doenças metabólicas.

Pode consultar aqui o documento original do Plano Estratégico para a Investigação sobre Diabetes

quarta-feira, 23 de março de 2011

O tipo de distribuição corporal não parece influenciar o risco cardiovascular nos doentes obesos

O marcado aumento de risco de doença cardiovascular (enfarte do miocárdio, angina de peito, acidente vascular cerebral) causado pela obesidade, pela diabetes, pela HTA e por outras doenças crónicas é bem conhecido.

No caso da obesidade, o tipo de distribuição predominante da gordura tem sido apontado também como uma causa deste aumento de risco.

No obeso, a gordura em excesso pode ter uma distribuição mais intensa de tipo central (excesso de gordura no abdomen) ou de tipo periférica (gordura acumulada nas ancas, nádegas e coxas). Este tipo de distribuição de gordura pode ser calculada pelo perímetro da cintura abdominal ou pela relação entre este e o perímetro medido a nível das ancas.

Para melhor compreensão desta diferença, o primeiro tipo de distribuição (gordura central) tem sido comparado a uma forma de macã e é mais frequente nos homens, enquanto o segundo tipo (gordura periférica) tem sido comparado a uma pêra e é mais frequente nas mulheres.

Tradicionalmente, tem sido entendido que o tipo de distribuição central de gordura apresenta maior risco de conduzir ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, do que o tipo periférico de distribuição de gordura.

Para esclarecer esta questão, foi realizado um trabalho colaborativo envolvendo 58 estudos e mais de 220.000 pessoas cuja saúde foi seguida ao longo de vários anos. Durante o período de seguimento foram analisados os casos de doença cardíaca e de acidente vascular cerebral. Verificou-se que a pressão arterial, o colesterol, a diabetes e o tabagismo, foram factores que agravaram a probabilidade de surgimento daquelas doenças. No entanto, o tipo de distribuição de gordura, depois de descontados os outros factores, não influenciou de uma forma independente aquele risco.

Segundo o Dr. Emanuele Di Angelantonio da Universidade de Cambridge, e membro do  Emerging Risk Factors Collaboration que organizou este estudo, "a forma corporal de cada um não é importante".

Afirmou ainda que "ser obeso ou ter excesso de peso é um dos principais factores de risco para doença cardiovascular que podemos modificar, e é um dos primeiros sinais de problemas futuros." "Qualquer que seja a forma de obesidade, em termos de risco cardiovascular, o efeito é o mesmo."

Pode ler este estudo, que foi apoiado pela British Heart Fundation e que foi publicado online em 11 de Março de 2011, na revista Lancet.

segunda-feira, 21 de março de 2011

O desejo de Jamie Oliver no Prémio TED - Ensinar todas as crianças sobre comida



TED é uma organização sem fins lucrativos devotada a ideias que vale a pena espalhar (Ideas Worth Spreading). Começou em 1984 numa conferência destinada a juntar pessoas provenientes de três mundos distintos: Tecnologia, Entretenimento e Design.

Esta organização assegura múltiplos eventos anualmente destinados a chamar a atenção para questões importantes do nosso mundo.

Um desses eventos é o Ted Prize anual. É atribuído a um indivíduo excepcional. O desafio é apresentar "Um desejo para mudar o mundo"  ("One Wish to Change the World."). Depois de longa preparação é apresentada uma cerimónia no decurso da TED Conference, onde esse desejo é revelado.

Em 2010, o vencedor deste prémio foi Jamie Oliver e o desejo que apresentou foi "Teach every children about food" (Ensinar todas as crianças sobre comida")

Pode ver aqui o video, legendado em português, da fantástica conferência de Jamie Oliver na cerimónia em que recebeu o prémio TED.

domingo, 20 de março de 2011

Na Austrália a cirurgia de obesidade aumentou 30 x nos ultimos 10 anos

De acordo com um estudo do departamento governamental de saúde australiano (Australian Institute of Health and Welfare), o número de cirurgias de obesidade nos últimos dez anos aumentou 30 x.

Evolução da Obesidade na Austrália
Na Austrália, actualmente um em cada cinco adultos está classificado como obeso. Este aumento revela que as campanhas de saúde pública incindindo em aumento da actividade física e revisão da dieta, não têm funcionado.

Neste país, foram realizadas 500 cirurgias nos anos 1998-1999. No ano de 2008 foram realizadas 17.000 intervenções cirúrgicas. Estes dados mostram que os doentes cada vez mais procuram tratamento cirúrgico. O procedimento mais realizado foi a colocação de banda gástrica. Este estudo mostra ainda que a demora média de dias de internamento para realizar esta intervenção, foi de dois dias e as complicações cada vez menos frequentes.

Segundo Michael Cowley, director do Obesity and Diabetes Institute da Monash University:
"as pessoas reconhecem que a obesidade é uma doença e estão a procurar tratamento para ela. Mas na realidade, não existe nenhum tratamento eficaz além da cirurgia" "assim, os doentes têm inicialmente um pouco de excesso de peso e vão atingindo níveis de obesidade cada vez mais graves, até procurarem tratamento cirúrgico"

Estudo Original: AIHW

sábado, 19 de março de 2011

O alcool provoca maior efeito após cirurgia de bypass gástrico

O bypass é uma das cirurgias mais frequentemente realizadas para tratar a obesidade e doenças relacionadas. Ao contrário das simples tentativas de alteração de estilo de vida (actividade física, dieta restritiva) que conduzem, na sua maioria, a resultados a longo prazo não satisfatórios, esta intervenção cirúrgica é eficaz.

Drinking Alcohol After Gastric Bypass Surgery
No entanto, após o bypass, as alterações introduzidas no aparelho digestivo implicam alterações no seu funcionamento. O doente é aconselhado a cumprir um conjunto de cuidados com a alimentação de forma a maximizar o resultado da cirurgia e a evitar problemas.

Um desses cuidados é a redução da ingestão de bebidas alcoólicas.

Um estudo recente realizado na Universidade de Stanford vem reforçar a necessidade de cumprimento desta recomendação.

Neste trabalho, um grupo de doentes obesos foram estudados antes da cirurgia e aos 3 meses e 6 meses após o bypass. O estudo consistiu em ingerir uma quantidade standard de vinho e medir a taxa de alcoolémia resultante através do teor de alcool expirado.

Ao fim de 3 ou 6 meses após a cirurgia, os resultados mostraram que os doentes operados tiveram uma maior e mais rapida subida do teor de alcool no sangue, do que eles próprios tinham antes de ser operados com a ingestão da mesma quantidade de alcool.

O tempo necessário para atingir a sobriedade também foi maior após a cirurgia do que era antes do bypass.

Verificou-se também que a intoxicação pelo alcool, após a cirurgia, causava menos diaforese (sudação)  e hiperactividade, e causava mais tonturas, calor e visão dupla.

Este estudo realça a necessidade de compreensão de que o bypass altera várias funções do organismo. Esta alteração tem vantagens na perda de peso e no controlo de outras doenças, mas também tem desvantagens que é necessário conhecer. Uma delas é a diminuição da tolerância ao alcool, pelo que se aconselha os doentes operados a ingerir menores quantidades de alcool.

O cumprimento das recomendações é fundamental para proteger os benefícios conseguidos com a cirurgia bariátrica.

Este trabalho foi publicado no Journal of the American College of Surgeons

sexta-feira, 18 de março de 2011

A American Heart Association reconhece o interesse da cirurgia de obesidade

Mais uma organização prestigiada internacionalmente reconhece o interesse da cirurgia de obesidade.

Um documento publicado ontem pela American Heart Association afirma que os benefícios da cirurgia de obesidade são maiores do que os riscos.

Segundo esta organização:

"Os cardiologistas, endocrinologistas, internistas, médicos de família e outros profissionais de saúde são confrontados cada vez mais com doentes obesos graves" e " a obesidade está associada a uma morbilidade significativa e a uma mortalidade acrescida"

"Os efeitos prejudiciais para a saúde causados pela obesidade incluem:
Diminuição dos anos de vida
Menor qualidade de vida e menos oportunidades sociais e económicas
Doença cardiovascular, hipertensão
Diabetes mellitus tipo 2
Acidente vascular cerebral
Insuficiência renal, dislipidémia
Apneia do sono e doença de refluxo gastro-esofágico
Cancro
Sindromes depressivos
Osteoartrite e dores nas articulações"


"Nesta população, as tentativas terapêuticas com fármacos ou com modificação do estilo de vida, têm tido resultados desapontadores."
"Quando indicadas, as intervenções cirúrgicas conduzem a uma diminuição significativa do excesso de peso e das doenças associadas, diminuição essa que pode ser mantida ao longo do tempo. Estas doenças associadas incluem a diabetes mellitus, a dislipidémia, a doença hepática, a hipertensão arterial, a apneia do sono e a insuficiência cardíaca. Os estudos mais recentes mostram ainda que a cirurgia de obesidade prolonga a vida dos doentes obesos."

Em resumo, segundo a American Heart Association:
"A cirurgia de obesidade é uma opção viável e segura para doentes com obesidade grave, que tenham um risco operatório razoável e que não tenham conseguido perder peso com a terapêutica médica."

Documento Completo: American Heart Association

quinta-feira, 17 de março de 2011

Informação sobre bypass gástrico

Segundo a informação constante na página da Mayo Clinic, uma das intituições hospitalares mais prestigiadas nos EUA, "a cirurgia de obesidade altera a anatomia do aparelho digestivo, do que resulta, geralmente, uma limitação da quantidade de comida que é possível comer."

"Este tipo de cirurgia ajuda a perder peso e pode fazer diminuir o risco de desenvolver doenças associadas à obesidade."

"O bypass gástrico é a cirurgia realizada com maior frequência nos Estados Unidos. Muitos cirurgiões preferem realizar o bypass pois geralmente tem menos complicações do que as outras intervenções para perda de peso."

"O bypass, no entanto,  não é para toda a gente. É um grande procedimento cirúrgico, tem riscos e efeitos acessórios, e é importante compreender as mudanças de estilo de vida que é necessário realizar. Em grande medida, o sucesso do tratamento depende do doente."

"De forma geral, o bypass gástrico está indicado para pessoas que não são capazes de manter um peso saudável através de dieta e actividade física, que têm um excesso de peso significativo e têm problemas associados."

"O bypass gástrico pode ser uma opção se:
- O seu IMC é igual ou superior a 40 (obesidade grave) ou
- O seu IMC está entre 35 e 40 (obesidade) e apresenta igualmente uma doença relacionada com o peso (por exemplo: diabetes ou HTA)"

"Realizar um bypass não substitui a necessidade de seguir uma dieta saudável e manter actividade física. Com efeito, o grau de sucesso da cirurgia depende, em parte, do grau de compromisso em seguir o tipo de alimentação e a actividade física aconselhados."

"Os riscos desta intervenção cirúrgica, tal como as de qualquer intervenção cirúrgica, incluem hemorragias, infecções e reacções à anestesia.  Complicações deste tipo de cirurgia podem também ocorrer, tais como: deficiência de vitaminas e sais minerais, desidratação, litíase vesicular, úlcera gastrica sangrante, hérnia, intolerância a certos alimentos, litíase renal, hipoglicémia. Outras complicações, mais raras, podem surgir, como morte, trombose venosa nos membros inferores, rotura ou estenose das anastomoses, pneumonia, dumping, etc."

"Antes da cirurgia, dever ser realizada uma avaliação extensa, pois nem todos os doentes estão preparados fisica e psicologicamente para realizar esta intervenção. Esta avaliação envolve a identificação das áreas da saúde do doente que podem beneficiar com a cirurgia, bem como outras situações que aumentem o seu risco.  A cirurgia só é recomendada quando as vantagens são maiores do que as desvantagens."

"Nos primeiros dois anos após a cirurgia é previsível uma perda de 50%-60% do peso em excesso. Se seguir as orientações dietéticas e de actividade física, pode manter essa perda de peso duma forma duradoura."

"Além da perda de peso intensa, o bypass também pode melhorar ou resolver doenças associadas à obesidade, tais como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, hipercolesterolémia, apneia do sono, refluxo gastro-esofágico. Isto vai diminuir a probabilidade de surgir um acidente vascular cerebral ou doença cardíaca. A capacidade de autonomia e a qualidade de vida também podem melhorar."

"O bypass gástrico não é considerada uma intervenção cirúrgica reversível. Apesar dessa reversibilidade ser, em teoria, possível, não é aconselhada pois pode ser um processo perigoso.  Se essa não reversibilidade for um problema, podem ser equacionadas outras opções cirúrgicas."

"A cirurgia para perda de peso não é um procedimento milagroso. Não garante atingir uma perda completa do excesso de peso. Os resultados dependem também das mudanças no estilo de vida que cada um conseguir realizar. Mas a sensação de vitória ao conseguir perder peso e os seus benefícios significativos para a saúde, justificam plenamente esta cirurgia."

quarta-feira, 16 de março de 2011

A cirurgia aumenta a sobrevida e melhora as doenças associadas, nos doentes obesos graves

A obesidade é uma causa importante de mortalidade e de morbilidade.

Um dos estudos científicos fundamentais para compreender o efeito da cirurgia no tratamento da obesidade grave, foi conduzido por Nicolas Christou e publicado na prestigiada revista americana "Annals of Surgery", em Setembro de 2004.

Neste estudo comparou-se um grupo de 1035 doentes obesos, operados no McGill University Health Centre, com um grupo de 5746 doentes obesos que não foram operados. Este estudo é especialmente importante, porque nenhum dos doentes incluídos tinha patologias médicas relevantes no momento do início do estudo. Os doentes com diabetes, patologia cardíaca ou outras doenças relevantes foram excluídos da análise. Ou seja, quer os doentes operados quer os doentes não operados, não tinham doenças relevantes além da obesidade.

Todos estes doentes foram seguidos por um período de tempo com um máximo de 5 anos de duração.

Ao fim do tempo de seguimento, verificou-se que os doentes operados perderam dois terços do peso em excesso (67%). Além disso tiveram uma redução do risco de desenvolver outras doenças (cardiovasculares, cancro, endócrinas, infecciosas, psiquiátricas) quando comparados com os doentes não operados.

O efeito mais significativo foi na mortalidade. A mortalidade dos doentes não operados foi de 6.17%, enquanto a mortalidade dos doentes operados foi de apenas 0.68%. Esta redução equivale a dizer que a cirurgia diminuiu o risco de morte em 89%  em relação ao risco que os doentes teriam se não fossem operados.

Como conclusão, os autores defendem que estes dados mostram que a cirurgia diminui a mortalidade bem como o desenvolvimento de doenças associadas.

Estudo original : Surgery Decreases Long-term Mortality, Morbidity, and Health Care Use in Morbidly Obese Patients