sábado, 2 de abril de 2011

A atitude negativa contra a imagem "obesa" tem tendência global

O estigma e o preconceito contra as pessoas com excesso de peso estão a tornar-se uma norma cultural em todo o mundo, mesmo em áreas onde uma imagem corporal mais volumosa era considerada positiva, de acordo com um estudo que vai ser publicado no número de Abril de 2011 da revista "Current Anthropology".

Um grupo de investigadores da Universidade Estadual do Arizona entrevistaram pessoas em vários lugares distintos por todo o mundo: EUA, Reino Unido, Mexico, Argentina, Paraguai, Porto Rico, Tanzania, Samoa.

Encontraram preconceitos e atitudes negativas contra as pessoas com excesso de peso em todos os locais analisados.

Estes resultados sugerem uma rápida "globalização" do estigma do "excesso de peso", no qual as pessoas obesas são vistas erradamente como preguiçosas, não desejáveis e com falta de auto-controlo.

Nos EUA e no mundo ocidental em geral, os corpos "magros" têm sido convertidos em objectos ideais e os corpos "gordos" estigmatizados há várias décadas. Mas isto não se passava assim no resto do mundo. Muitos estudos etnográficos mostraram que muitas sociedades humanas preferiam corpos mais volumosos, os quais representam sucesso, generosidade, fertilidade, riqueza e beleza.

Mas esta visão está a ser rapidamente substituída por uma visão ocidental que olha a obesidade como um fracasso pessoal. Curiosamente, os índices de maior intolerância contra os obesos foram encontrados não nos EUA ou Reino Unido, mas antes no Mexico, Paraguai e Samoa. E esta mudança de atitude foi muito rápida nesses países.

Estes dados mostram outra dimensão da epidemia global de obesidade. Devemos estar preocupados não apenas com o prejuízo directo que a obesidade tem para a saúde, mas também com o profundo sofrimento emocional que deriva dos preconceitos contra as pessoas obesas.

Referência: Alexandra Brewis, Amber Wutich, Ashlan Falletta-Cowden, and Isa Rodriguez-Soto. Body Norms and Fat Stigma in Global Perspective. Current Anthropology, 2011; 52: 2

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