"Considerando a existência de todos estes meios mágicos de obter perda de peso, é difícil de compreender porque será a obesidade ainda um problema de saúde. Talvez seja porque esta magia existe apenas nos sonhos e esperanças das pessoas. Esperanças e sonhos que os vendedores destes programas e produtos exploram facilmente.
Apesar dos peritos afirmarem que o tratamento da obesidade exige uma intervenção médica, cirúrgica ou comportamental de longo prazo, a maioria dos vendedores dos produtos comerciais manipulam os doentes impunemente, cultivando expectativas irreais e ideias falsas. Com efeito, é possivel ver, com frequência, afirmações absurdas tais como dizer que injecções de vit B ajudam a acelerar a lipólise ou que existem suplementos vegetais que diminuem o apetite e aceleram o metabolismo."
De acordo com Yoni Freedhoff,"O reconhecimento da enorme morbilidade e mortalidade associadas à obesidade tem levado os médicos e as campanhas de saúde pública a aumentar o desejo dos doentes em perder peso, na medida em que se promove a consciência dos riscos da obesidade.
Infelizmente, estas mensagens de alarme não são acompanhadas de informação sobre os tratamentos que são realmente eficazes. Apesar de bem intencionadas, acabam por conduzir os doentes a um emaranhado selvagem de propostas sem nenhum tipo de garantia de eficácia e que, por vezes, até podem ser fatais.
Não apenas os doentes estão a ser repetidamente vigarizados, como os múltiplos fiascos das opções fraudulentas acabam por fazer perder a confiança nas abordagens realmente eficazes.
Uma vez que as abordagens realmente eficazes estão bem estabelecidas, os governos, os médicos e os serviços de saúde, todos partilham uma obrigação médica e moral de proteger as pessoas destas práticas ineficazes de tentativa de perda de peso.
Para que possamos realmente enfrentar esta epidemia de obesidade, primeiro temos de suster a prática centenária de venda de banha da cobra. É necessário que os governos requeiram certificação da eficácia dos produtos e dos programas de perda de peso, certificação essa baseada na evidência, para assegurar a qualidade e proteger as pessoas."
E o autor conclui:
"Nem os serviços públicos de saúde nem a comunidade médica estão a fazer o suficiente para resolver o problema da obesidade. Os doentes encontram-se muitas vezes desesperados por encontrar soluções e, como tal, estão especialemente vulneráveis a serem explorados. É tempo de acabar com este absurdo."
O texto original pode ser encontrado em Canadian Medical Association Journal
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