A utilização de uma dieta restritiva é uma das opções terapêuticas que está presente tradicionalmente na maioria das recomendações sobre o tratamento da obesidade.
No entanto, não existe consenso sobre que tipo de dieta deve ser proposta a um doente. Não existe sequer concordância sobre o grau de eficácia das dietas como forma de tratamento.
Um dos estudos que analisou esta questão foi publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA. 2005;293(1):43-53), em 2005.
Este estudo comparou a eficácia de quatro tipos de dieta muito populares nos estados unidos: a dieta de Atkins, a dieta de Ornish, a Zone e a dieta dos Weight Watchers. Para isso analisaram o efeito de cada uma das dietas em grupos de voluntários que foram seguidos durante um ano.
A dieta de Atkins consiste numa dieta com restrição de hidratos de carbono; a dieta Zone recomenda uma ingestão restritiva de nutrientes mas de forma equilibrada, 40% hidratos de carbono, 30% gordura e 30% proteínas; a dieta dos Weight Watchers propõe uma alimentação controlada por um sistema de pontos que conduz a uma ingestão de 1200-1600 Kcal diárias; e finalmente a dieta Ornish é uma dieta vegetariana com menos de 10% de gordura.
Este voluntários tinham, no início do estudo, um peso médio de 100 Kg, com um IMC médio de 35 (entre 27 e 42). Para obter um peso normal, estes voluntários que tinham em geral uma obesidade ligeira ou moderada, deveriam atingir um peso médio de 71 Kg, ou seja, perder 29 Kg em média.
Os resultados, após dois meses do início da dieta, mostraram uma perda de peso média de 3.6 Kg, sendo o efeito muito semelhante entre os vários tipos de dieta (Atkins -3.6 Kg / Zone -3.8 Kg / Weight Watchers -3.5 Kg / Ornish -3.6 Kg).
No entanto, o dado mais assinalável é que o peso parou de diminuir em todos os tipos de dieta a partir dessa data. Um ano após o início do estudo, os doentes tinham em média um ganho de 0.3 Kg em relação ao peso medido aos dois meses (Atkins +1.5 Kg / Zone +0.6 Kg / Weight Watchers +0.5 Kg / Ornish +0.3 Kg).
Mesmo em termos individuais, os resultados foram pouco expressivos. Apenas 25% dos doentes conseguiram uma redução de peso correspondente a pelo menos 5% do peso corporal, o que, mesmo assim, ainda ficou muito longe da redução de 29% do peso corporal necessária para atingir um peso normal.
As diferenças entre os vários tipos de dieta não foram relevantes e todas obtiveram resultados semelhantes.
Este estudo é importante uma vez que coloca claramente em causa a eficácia das dietas restritivas como forma de tratamento para a obesidade de classe I e classe II (obesidade ligeira a moderada). Além disso mostra que os vários tipos de dieta têm efeito praticamente igual, não se concretizando as promessas "milagrosas" tantas vezes invocadas.
Este estudo pode ser encontrado no
JAMA