segunda-feira, 30 de maio de 2011

Eficácia e Segurança da Banda Gástrica acima da idade de 60 anos


Um estudo publicado por autores australianos em Janeiro de 2011 no Obesity Surgery mostra a eficácia e a segurança da gastroplastia com banda como tratamento de obesidade em doentes com mais de 60 anos.
 
Apesar do tratamento cirúrgico da obesidade no idoso ser controverso, os autores relatam a sua experiência com 118 doentes com mais de 60 anos, nos quais foi colocada banda gástrica por via laparoscópica.
 
A perda de excesso de peso foi de 44% aos cinco anos. A diabetes melhorou em 74% dos doentes, enquanto a hipertensão, a dislipidémia e os síndromes depressivos melhoraram 57%, 51% e 35% respetivamente.
 
Os indicadores de qualidade de vida (avaliados pelo SF-36) melhoraram 22 pontos atingindo valores semelhantes aos da população em geral.
 
Ocorreram complicações em 7% dos doentes com 15% de reoperações, mas sem mortalidade.
 
Os autores concluiram que a qualidade de vida melhorou substancialmente com a cirurgia e que a banda gástrica é a técnica ideal neste grupo etário, atendendo ao seu perfil de segurança e eficácia.
 
O artigo pode ser encontrado aqui.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A dieta como instrumento para redução de peso não parece ser eficaz

A utilização de uma dieta restritiva é uma das opções terapêuticas que está presente tradicionalmente na maioria  das recomendações sobre o tratamento da obesidade.

No entanto, não existe consenso sobre que tipo de dieta deve ser proposta a um doente. Não existe sequer concordância sobre o grau de eficácia das dietas como forma de tratamento.

Um dos estudos que analisou esta questão foi publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA. 2005;293(1):43-53), em 2005.


Este estudo comparou a eficácia de quatro tipos de dieta muito populares nos estados unidos: a dieta de Atkins, a dieta de Ornish, a Zone e a dieta dos Weight Watchers. Para isso analisaram o efeito de cada uma das dietas em grupos de voluntários que foram seguidos durante um ano.

A dieta de Atkins consiste numa dieta com restrição de hidratos de carbono; a dieta Zone recomenda uma ingestão restritiva de nutrientes mas de forma equilibrada, 40% hidratos de carbono, 30% gordura e 30% proteínas; a dieta dos Weight Watchers propõe uma alimentação controlada por um sistema de pontos que conduz a uma ingestão de 1200-1600 Kcal diárias; e finalmente a dieta Ornish é uma dieta vegetariana com menos de 10% de gordura.

Este voluntários tinham, no início do estudo, um peso médio de 100 Kg, com um IMC médio de 35 (entre 27 e 42). Para obter um peso normal, estes voluntários que tinham em geral uma obesidade ligeira ou moderada, deveriam atingir um peso médio de 71 Kg, ou seja, perder 29 Kg em média.



Os resultados, após dois meses do início da dieta, mostraram uma perda de peso média de 3.6 Kg, sendo o efeito muito semelhante entre os vários tipos de dieta (Atkins -3.6 Kg / Zone -3.8 Kg / Weight Watchers -3.5 Kg / Ornish -3.6 Kg).

No entanto, o dado mais assinalável é que o peso parou de diminuir em todos os tipos de dieta a partir dessa data. Um ano após o início do estudo, os doentes tinham em média um ganho de 0.3 Kg em relação ao peso medido aos dois meses (Atkins +1.5 Kg / Zone +0.6 Kg / Weight Watchers +0.5 Kg / Ornish +0.3 Kg).

Mesmo em termos individuais, os resultados foram pouco expressivos. Apenas 25% dos doentes conseguiram uma redução de peso correspondente a pelo menos 5% do peso corporal, o que, mesmo assim, ainda ficou muito longe da redução de 29% do peso corporal necessária para atingir um peso normal.

As diferenças entre os vários tipos de dieta não foram relevantes e todas obtiveram resultados semelhantes.


Este estudo é importante uma vez que coloca claramente em causa a eficácia das dietas restritivas como forma de tratamento para a obesidade de classe I e classe II (obesidade ligeira a moderada). Além disso mostra que os vários tipos de dieta têm efeito praticamente igual, não se concretizando as promessas "milagrosas" tantas vezes invocadas.

Este estudo pode ser encontrado no JAMA

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Public Citizen solicita remoção do mercado do Orlistat

O Public Citizen é uma organização de consumidores americana.

Esta organização emitiu uma petição à FDA americana, solicitando a remoção do mercado do orlistat (Xenical ou Alli). Este medicamento é o único actualmente aprovado nos EUA para o tratamento médico da obesidade.

O orlistat funciona bloqueando a acção dos enzimas que digerem a gordura ingerida no interior do intestino. Desta forma a gordura não é convertida em ácidos gordos e, como tal, é menos absorvida e é excretada de forma não digerida nas fezes. Os efeitos acessórios principais que os doentes sofrem são diarreia com fezes gordurosas e flatulência, podendo resultar mesmo em incontinência. 

Além destes problemas, segundo esta organização, "o orlistat expõe os doentes que o ingerem a riscos graves que ultrapassam largamente os seus eventuais benefícios.

Os riscos mais sérios incluem: doença hepática grave que pode conduzir a insuficiência hepática e necessidade de transplante hepático, pancreatite aguda que pode ser mortal, e insuficiência renal causada por litíase renal."

Ainda segundo esta organização "o orlistat é um fármaco utilizado no tratamento do excesso de peso e da obesidade. Infelizmente o seu benefício clínico é muito reduzido e tem potencial para lesar o rim, o fígado e o pâncreas. "

Mesmos nos estudos que apoiaram a sua comercialização, o efeito deste fármaco era apenas de -2.4 Kg ao fim de um ano, resultado manifestamente insuficiente para justificar o seu custo e eventual toxicidade.

Acompanhando esta baixa eficácia deste fármaco, a prescrição deste fármaco reduziu-se drasticamente nos EUA de 2.6 milhões de vezes em 2000 para apenas 110.000 prescriçoes em 2010.

Aguarda-se agora a decisão da FDA, mas é possível que, atendendo ao progressivo abandono deste medicamento por parte dos médicos, a FDA permita ao mercado resolver este problema de uma forma espontânea.

Ligação para a petição: Petição do PublicCitizen
Ligação para o site do Public Citizen