domingo, 31 de março de 2013

A obesidade e a diabetes estão intimamente ligadas

A obesidade é um dos fatores de risco mais importantes para diabetes. Este fator de risco, sendo prevenível, pode ser o principal instrumento para prevenção da diabetes.
Para analisar a relação entre estas duas doenças, investigadores da Universidade da Califórnia levaram a efeito uma análise de uma amostra dos Inquéritos Nacionais Americanos sobre Saúde e Nutrição entre 1999 e 2006.
Identificaram nessa amostra de 21.205 participantes, 2.894 adultos com diabetes o que correspondeu a 13.6% da população estudada.
A prevalência da diabetes aumenta com a classe de IMC. Apenas 8% dos indivíduos com peso normal apresentavam diabetes enquanto naqueles com IMC > 40 (Obesidade grave ou Classe III) 43% apresentavam diabetes. Nos escalões intermédios, os indivíduos com excesso de peso (IMC 25-30) apresentavam 15% de diabetes, aqueles com obesidade ligeira (IMC 30-35) eram 23% diabéticos e a obesidade moderada (IMC 35-40) correspondia a uma probabilidade de diabetes de 33%.
Caracterizando os adultos diabéticos, a sua idade média era de 59 anos, a glicémia de 155 e a Hg A1c de 7.2 %. A percentagem destes 2.894 doentes diabéticos que apresentavam peso excessivo era de 80.3% (IMC > 25) sendo 49.1% obesos (IMC > 30). Por sua vez, um IMC superior a 35 estava presente em 24.6% dos doentes e IMC acima 40 representava 10.8% desta população.
Em relação ao controlo da diabetes, 60% apresentavam Hg A1c inferior a 7% (bom controlo), 17% entre 7% e 8 % de Hg A1c (controle razoável) e 23% da população com Hg A1c superior a 8% (mau controlo).
Como resumo do estudo, de referir que a prevalência da diabetes aumenta com a classe de IMC, atingindo 43% dos obesos classe III. Por outro lado, 80% dos diabéticos têm excesso de peso e 49% são obesos (IMC > 30), tendo IMC superior a 35, 24.6% dos diabéticos. Finalmente, apenas 60% dos diabéticos se encontram controlados, estando um quarto com Hg A1c superior a 8%.
Este estudo demonstra mais uma vez a enorme associação entre obesidade e diabetes, confirmando que só a intervenção no peso permite controlar a diabetes e reduzir o custo que esta doença tem nos sistemas de saúde.

O trabalho foi publicado na Obesity Surgery aqui.
 

segunda-feira, 25 de março de 2013

Cirurgia da Obesidade no Mundo - 2011

Foi publicado na Obesity Surgery o resultado dum questionário promovido junto de 50 associações ligadas à Cirurgia de Obesidade e Metabólica, representadas na IFSO. O primeiro autor deste trabalho foi Henry Buchwald.
 
Este questionário pretendeu obter uma imagem do panorama atual deste tipo de Cirurgia em termos internacionais em 2011.
 
Como resultados principais, pode concluir-se que o número toral de intervenções reportadas terá sido de 340.768. A intervenção mais frequente foi o Bypass em Y de Roux (46.6%). Outras intervenções foram a Gastrectomia Linear (27.8%) a Gastroplastia com Banda Ajustável (17.8%) e a Transposição Duodenal (2.2%).

Este estudo está na Obesity Surgery.


quinta-feira, 21 de março de 2013

Recomendações da AACE, TOS, e ASMBS

Foram publicadas online as mais recentes Recomendações sobre Cirurgia de Obesidade e Metabólica. Estas Recomendações são patrocinadas pelas organizações sobre Obesidade mais relevantes em todo o Mundo, nomeadamente a American Association of Clinical Endocrinonogists, a The Obesity Society e a American Society for Metabolic and Bariatric Surgery.





Estas Recomendações tentam responder a 7 Perguntas fundamentais sobre esta área médica:

1. Quais os doentes a quem deve ser proposta Cirurgia Bariátrica?
2. Qual o tipo de cirurgia que deve ser proposto a cada doente?
3. Como deve ser realizada a preparação preoperatória dos doentes candidatos a cirurgia bariátrica?
4. Quais os elementos clínicos cuja confirmação é necessária antes da aprovação para cirurgia ?
5. Como deve ser optimizado o tratamento postoperatório precoce?
6. Como deve ser realizado o acompanhamento postoperatório?
7. Quais são os critérios para readmissão hospitalar após a cirurgia?

Nos próximos dias apresentarei aqui as principais recomendações deste documento.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Mapa Mundi do Excesso de Peso

De acordo com a Base de Dados da Organização Mundial de Saúde, a prevalência da obesidade e do exccesso de peso continua a aumentar em todo o mundo.
 
Em 2010 o panorama é cada vez mais assustador. Os Mapa Mundi abaixo representam a taxa de excesso de peso e obesidade de cada país, de acordo com os dados dessa organização. Como podem ver, é um problema que atinge todos os cantos do mundo, ambos os sexos, todos os continentes, países ricos e países pobres.
 
Mais de 60% dos homens canadianos, americanos, mexicanos, sul-americanos, australianos e de vários países europeus, apresentam excesso de peso. Nem alguns árabes e finlandeses escapam.



No caso das mulheres o gráfico de 2010, destacam-se as americanas, as brasileiras, as turcas, australianas e sul-africanas.

 
Na Europa a percentagem de homens com excesso de peso e obesidade mostra os homens portugueses, alemães e ingleses com maior taxa de excesso de peso.
 
 
 
E nas mulheres, o mapa mostra as inglesas, as gregas e as turcas, com maior taxa de excesso de peso.
 
 

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O Bypass reduz o risco cardio-vascular

A obesidade é uma doença complexa que tem muitas implicações no desenvolvimento de outras doenças. Tudo junto, conduz a um aumento da mortalidade e perda de qualidade de vida como poucas outras doenças conseguem.
 
As técnicas cirúrgicas para tratar a obesidade são muito eficazes a obter redução de peso mas, além disso, cada vez é mais evidente que também influenciam positivamente as doenças associadas, como a diabetes, a dislipidemia e as doenças cardio-vasculares.
 
No sentido de objetivar este efeito benéfico, um grupo de investigadores brasileiros estudou o efeito da cirurgia da obesidade no risco cardio-vascular aos 10 anos, medido pelo score de Framingham. Este score permite estabelecer o risco de morte de um doente, baseado na idade, sexo, peso, IMC, pressão arterial diastólica, perfil lipídico, glicémia e história anterior de doença cardio-vascular. Este score está validado de uma forma muito sólida e é muito utilizado em diversos estudos.
 
Neste estudo, o Score de Framingham foi avaliado para um conjunto de 42 doentes antes e depois de realizarem um bypass gástrico.
 
A redução do risco cardiovascular aos 10 anos foi muito evidente nos doentes operados, sobretudo através da redução do peso e da resolução de co-morbilidades. Esta redução de risco foi especialmente acentuada nos doentes que apresentavam, à partida, co-morbilidades.
 
Os autores concluem que o bypass provoca uma perda de peso acentuada, sustentável, e com melhoria significativa das co-morbilidades.
 
O estudo foi publicado na Obesity Surgery.


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Colocação de banda gástrica em doentes com obesidade ligeira é um procedimento seguro

A cirurgia de obesidade, nomeadamente a colocação de banda gástrica, tornou-se um dos procedimentos standards no tratamento da obesidade com IMC superior a 35 Kg/m2.

No entanto, os doentes com obesidade Classe I (IMC entre 30 e 35 - obesidade ligeira) apresentam igualmente risco elevado de co-morbilidades associadas à obesidade. O papel do tratamento cirúrgico da obesidade nestes doentes ainda não está definido, mas poderá vir a tornar-se importante, uma vez que a generalidade dos tratamentos conservadores (não cirúrgicos) não se têm revelado úteis.

Recentemente, como noticiei neste blog, a FDA americana aprovou a utilização da banda gástrica neste segmento dos doentes obesos (IMC entre 30 e 35).

Para avaliar a segurança deste tratamento, investigadores americanos compararam o postoperatório de doentes com obesidade ligeira tratados com colocação de banda gástrica, com doentes com obesidade grave que realizaram o mesmo tratamento.

Verificaram que, com excepção do peso inicial (obviamente mais elevado nos doentes com obesidade grave), todos os outros parâmetros avaliados relativos à segurança, nomeadamente o tempo operatório, as perdas hemáticas, a duração do internamento e os internamentos em UCI foram semelhantes nos dois grupos. Não houve mortalidade ou necessidade de reoperação em nenhum dos grupos.

Os autores concluem que a colocação de banda gástrica num doente obeso ligeiro apresenta o mesmo perfil de segurança que a mesma cirurgia em doentes com obesidade grave.

O estudo foi publicado no número de Abril de 2011 do Obesity Surgery e pode ser encontrado aqui.




segunda-feira, 20 de junho de 2011

O Bypass resolve a diabetes mesmo nos doentes com IMC 30-35

O Brasil é um dos países do mundo com maior experiência em cirurgia de obesidade e metabólica. Vários autores brasileiros, onde destacamos Almino Ramos, juntaram-se para publicar, no Obesity Surgery de Março 2013, um estudo sobre Bypass em doentes diabéticos com obesidade ligeira (IMC entre 30 e 35.
 
Este estudo é retrospetivo e inclui 27 doentes com IMC entre 30 e 35 operados entre 2002 e 2008, por diabetes tipo 2 não controlada. O objetivo avaliado foi a resolução completa da diabetes confirmado pelo atingimento de Hb A1c <6%, glicémia < 100 mg/dl e ausência de medicação para a diabetes.
Um ano após o Bypass, os resultados foram de
- 23% redução no peso
- BMI estabilizado nos 25.6 Kg/m2
- 46% redução na glicémia
- 27% redução na Hb A1c
- Melhoria do controlo da daibetes em 100% dos doentes
- Resolução completa da diabetes em 48% dos doentes
Os autores concluem que o Bypass é uma opção segura e eficaz no tratamento da diabetes não controlada em doentes com obesidade classe I (IMC 30-35).
 
O estudo pode ser encontrado aqui.
 
 

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O Bypass tem resultados superiores ao sleeve

Foi publicado no número de Março 2011 do Obesity Surgery, um estudo prospectivo comparando os resultados da Gastrectomia Linear (Sleeve) e do Bypass, no tratamento da obesidade.
 
Foram estudados 94 doentes, sendo 47 doentes tratados com bypass e 47 tratados com sleeve. Os parâmetros avaliados foram a qualidade de vida (questionários Moorehead-Ardelt e SF-36), a perda de peso e a melhoria das comorbilidades.
 
Como resultados há a assinalar que o grupo de doentes tratados com bypass gástrico tiveram melhores scores de qualidade de vida do que os doentes de sleeve.
 
A resolução da diabetes foi de 90% nos doentes com bypass e 55% no sleeve. A resolução da hipertensão arterial foi de 73% no bypass contra 30% no sleeve. As queixas de refluxo gastro-esofágico resolveram em 92% do grupo de bypass mas apenas em 25% no sleeve. No caso do sleeve, 33% dos doentes operados que não apresentavam queixas de DRGE, desenvolveram estas queixas pela primeira vez após a cirurgia.
 
A satisfação com a cirurgia foi de 94% no bypass e de 90% no sleeve.
 
Os autores concluiram que os resultados do bypass apontam para uma melhor qualidade de vida do que os do sleeve. Além disso, os resultados em termos de controlo de patologias associadas como a diabetes, a hipertensão e a DRGE são também melhores no bypass do que no sleeve.
 
 
O estudo pode ser encontrado aqui.


segunda-feira, 6 de junho de 2011

A Cirurgia da Obesidade melhora o controlo da asma


Um estudo publicado na Obesity Surgery em Fevereiro de 2011, mostra o impacto favorável da cirurgia de obesidade nos sintomas da asma.
 
Neste estudo, foram analisados retrospetivamente 2.562 doentes com asma, operados por obesidade.
 
Um ano após a intervenção cirúrgica, a percentagem de doentes dependentes de corticóides inalados desceu de 49% para 29%. Os doentes com banda gástrica tiveram benefício menor do que aqueles que receberam uma intervenção diferente.
 
Os autores concluem que a cirurgia bariátrica melhora o controlo da asma, diminuindo a necessidade de terapêutica. A banda gástrica parece ser menos eficaz.

O artigo pode ser encontrado na Obesity Surgery


segunda-feira, 30 de maio de 2011

Eficácia e Segurança da Banda Gástrica acima da idade de 60 anos


Um estudo publicado por autores australianos em Janeiro de 2011 no Obesity Surgery mostra a eficácia e a segurança da gastroplastia com banda como tratamento de obesidade em doentes com mais de 60 anos.
 
Apesar do tratamento cirúrgico da obesidade no idoso ser controverso, os autores relatam a sua experiência com 118 doentes com mais de 60 anos, nos quais foi colocada banda gástrica por via laparoscópica.
 
A perda de excesso de peso foi de 44% aos cinco anos. A diabetes melhorou em 74% dos doentes, enquanto a hipertensão, a dislipidémia e os síndromes depressivos melhoraram 57%, 51% e 35% respetivamente.
 
Os indicadores de qualidade de vida (avaliados pelo SF-36) melhoraram 22 pontos atingindo valores semelhantes aos da população em geral.
 
Ocorreram complicações em 7% dos doentes com 15% de reoperações, mas sem mortalidade.
 
Os autores concluiram que a qualidade de vida melhorou substancialmente com a cirurgia e que a banda gástrica é a técnica ideal neste grupo etário, atendendo ao seu perfil de segurança e eficácia.
 
O artigo pode ser encontrado aqui.